A médica obstetra Anna Beatriz Herief, conhecida por sua atuação nas redes sociais, está sendo acusada de violência obstétrica após um caso grave ocorrido durante uma cesariana de emergência. Segundo o perito médico contratado pela família da paciente, a profissional cortou a bexiga da gestante acreditando estar acessando o útero. O registro profissional da médica foi suspenso pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj).
O caso foi revelado pelo programa Fantástico, que exibiu imagens do parto de Larissa Bastos Kaehler. A paciente, diagnosticada com pré-eclâmpsia, teve complicações durante o trabalho de parto. Em determinado momento, a médica optou por uma cesariana de emergência, mas fez uma incisão incorreta, atingindo diretamente a bexiga da paciente.
O obstetra Ivo Costa Júnior, que analisou os registros médicos e imagens da cirurgia, afirmou que “as imagens são surreais” e que o feto foi retirado por dentro da bexiga — algo inédito na obstetrícia, segundo ele. O laudo aponta que Anna Beatriz acreditava ter cortado o útero, e por isso, introduziu a mão para remover o bebê.
Médica se defende e afirma ter agido em situação de emergência
Em sua defesa, Anna Beatriz alegou que fez a incisão propositalmente na bexiga para salvar o bebê, afirmando que qualquer atraso colocaria a vida da criança em risco. No entanto, especialistas e o prontuário do hospital indicam falhas graves no procedimento e condutas médicas inadequadas.
Gravidez de alto risco e uso excessivo do vácuo-extrator
A gravidez de Larissa era considerada de alto risco devido à pré-eclâmpsia. Durante as 12 horas de trabalho de parto, a equipe utilizou o vácuo-extrator em sete tentativas — mais do que o permitido pela literatura médica, que recomenda no máximo três. Anna Beatriz contesta a informação, afirmando que tentou de três a quatro vezes.
A situação se agravou quando os batimentos cardíacos do bebê começaram a cair. Após o nascimento, Louie precisou ser reanimado com urgência. Embora tenha sobrevivido, a família vive incertezas sobre possíveis sequelas neurológicas causadas pela falta de oxigenação durante o parto.
Imagens mostram uso de celular durante o parto
Outro ponto que causou indignação foi o uso de celulares por parte da equipe médica durante o procedimento. Larissa relatou que se sentiu ignorada, e que os profissionais presentes pareciam mais preocupados com os aparelhos do que com o bem-estar da paciente.
A denúncia gerou grande repercussão e levantou novamente o debate sobre a violência obstétrica no Brasil. A médica nega todas as acusações, mas permanece com o registro profissional suspenso até a conclusão das investigações.